A busca de Terra na selva de pedra

“Como guarani, nossa luta não é física, é espiritual. Ao tomar posse de uma região indígena, a primeira ação é construir uma Casa de Reza”, disse o Cacique Ary Martim, que foi encontrado pela reportagem retirando os entulhos deixados na área em que ele sonha construir uma aldeia tradicional (2014). “Temos alguma madeira e barro também, mas falta sapé e, sem ele, não podemos fazer o telhado”, contou o Cacique. Ele e mais alguns indígenas iniciaram o processo de autodemarcação da terra, retomando uma área que forma a aldeia Tekoa Itakupe, do outro lado do Pico do Jaraguá, onde também solicitam à Justiça a garantia de manutenção de posse. O desejo do Cacique se intensifica diante dos problemas sociais e culturais das demais aldeias, que se agravam devido à proximidade do centro urbano e a total falta de espaço. Outro fator foi a construção da Rodovia dos Bandeirantes, em 1978, que dividiu as aldeias e suprimiu parte de suas áreas de ocupação.

Pedro Luiz Macena veio do Paraná para São Paulo com os pais e os nove irmãos. O casal vivia entre a Argentina e o Paraguai, mas em 1966, chegou ao Brasil. “Era complicado, pois os guarani eram sempre muito perseguidos. Havia muita morte e escravidão. O próprio serviço de Proteção ao Índio favorecia tais fatos.

“Eu acredito muito em Nhanderu, que é Deus. Ele cuida de nós. Faz nascer e crescer nossos filhos. Não sairemos daqui. Sentimos que o Jaraguá é guarani”, expressou Pedro. Nayá Fernandes - O São Paulo (nayafernandes@gmail.com)

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